O ser humano tem verso e
inverso, ou seja, um lado magnífico e outro despótico, todavia isso começa
ainda na infância quando ganha o primeiro brinquedo, pois assim que se cansa dele
quer logo outro e outro. Porém, o comportamento dos pequenos, também, na
maioria das vezes é levado para a vida adulta, principalmente pelos homens, que
usam pequenos hábitos infantis para fugir da responsabilidade de cuidar daquilo
que lhes foi dado de presente.
“Lua de fel” de Roman
Polanski dá um mergulho no âmago de qualquer ser real por abordar a tirania do
personagem Oscar, não pelo lado da vingança, mas sim, pelo lado de um jogo mental e
manipulador que trás o revival do menino que sempre quer algo novo para
preencher sua alma inquieta, pois quando isso lhe é negado torna-se uma terrível tortura.
Quando assisti pela primeira vez “Lua de Fel”
pensei que a estória fosse apenas uma viagem inteligente do diretor, mas não é!
Durante anos acompanhei um pouco sobre a vida dele, até que um dia, sentamos
lado a lado, na segunda fileira do Teatro Amazonas para assistir “Oliver Twist”,
então fiquei ali, em contato real com apenas um homem simples e atencioso enquanto
a platéia se esvaziava por achar o filme chato, porém, não entenderam a
importância de conhecer, mesmo que na ficção a estória de pessoas comuns.
Então que tal jogar as
expectativas no chão? Partir para o amor incondicional
sem ter nada em troca? Pode ser que você envelheça com
a esperança que algo mude, ou não? Entretanto, já é um bom começo e menos
frustrante quando nada se espera, pois é muito difícil enxergar que uma pessoa
que passou pela guerra, voltou traumatizada e se recusa a demonstrar sentimentos
possa estar apenas exercitando sua tirania.
“Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos
trajetos, não se arisca a vestir uma nova cor ou conversar com quem não conhece”.
Pablo Neruda