Tuesday, August 6, 2013

ADORÁVEL TIRANIA



O ser humano tem verso e inverso, ou seja, um lado magnífico e outro despótico, todavia isso começa ainda na infância quando ganha o primeiro brinquedo, pois assim que se cansa dele quer logo outro e outro. Porém, o comportamento dos pequenos, também, na maioria das vezes é levado para a vida adulta, principalmente pelos homens, que usam pequenos hábitos infantis para fugir da responsabilidade de cuidar daquilo que lhes foi dado de presente. 
  
Lua de fel” de Roman Polanski dá um mergulho no âmago de qualquer ser real por abordar a tirania do personagem Oscar, não pelo lado da vingança, mas sim, pelo lado de um jogo mental e manipulador que trás o revival do menino que sempre quer algo novo para preencher sua alma inquieta, pois quando isso lhe é negado torna-se uma terrível tortura.


Quando assisti pela primeira vez “Lua de Fel” pensei que a estória fosse apenas uma viagem inteligente do diretor, mas não é! Durante anos acompanhei um pouco sobre a vida dele, até que um dia, sentamos lado a lado, na segunda fileira do Teatro Amazonas para assistir “Oliver Twist”, então fiquei ali, em contato real com apenas um homem simples e atencioso enquanto a platéia se esvaziava por achar o filme chato, porém, não entenderam a importância de conhecer, mesmo que na ficção a estória de pessoas comuns.        

 

Então que tal jogar as expectativas no chão? Partir para  o amor incondicional sem ter nada em troca? Pode ser que você envelheça com a esperança que algo mude, ou não? Entretanto, já é um bom começo e menos frustrante quando nada se espera, pois é muito difícil enxergar que uma pessoa que passou pela guerra, voltou traumatizada e se recusa a demonstrar sentimentos possa estar apenas exercitando sua tirania.

                                                “Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, não se arisca a vestir uma nova cor ou conversar com quem não conhece”.


                                                                                                  Pablo Neruda